OPINIÃO

COMO SUSTENTAR A SUSTENTABILIDADE?

07 Novembro 2024

Em 2020, a pandemia provocada pelo novo coronavírus atravessou o nosso caminho, mas nem por isso os grandes desafios do pré-Covid-19 desapareceram. A sustentabilidade e a eficiência no uso de recursos continuam a ser imperativos.

Apesar do contexto que atravessamos, profundamente marcado pela pandemia, a sustentabilidade é um tema de extrema importância que se mantém na ordem do dia. Contudo, segundo o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a ameaça climática é muito mais grave do que pandemia e, mais do que nunca, conceitos como ‘eficiência de recursos’, ‘economia circular’ e ‘conservação da biodiversidade’ deverão povoar o quotidiano de qualquer agenda pública. Não nos esqueçamos de que este é um desafio político, mas não deixa de ser uma meta de cada cidadão interessado em encontrar soluções para resolver e para combater os problemas de raiz. Os movimentos cívicos organizados com origem na sociedade civil, como as organizações não governamentais, têm tido um papel fundamental na construção de uma sociedade mais crítica, responsável e sustentável, tendo sido reconhecidos pela Comissão Europeia como particularmente relevantes na defesa do ambiente e no combate à pobreza. A abordagem estratégica de investimento inteligente por parte do município de Vila Nova de Gaia é uma combinação de abordagens, que tem como objetivo final a melhoria da qualidade de vida dos gaienses. Esse investimento inteligente tem na sustentabilidade um dos vetores que se encontra suportado nas orientações europeias na área da sustentabilidade e eficiência no uso de recursos. Segundo o C40, o grupo de grandes cidades mundiais empenhadas em debater e combater a mudança climática até 2050, é necessário que os edifícios – novos ou existentes – passem a ser “carbono-zero”. E são edifícios localizados em zonas urbanas de maior densidade que registam a emissão de gases com efeito de estufa mais elevada, pois estima-se que mais de metade das emissões de uma cidade tenha proveniência nos edifícios – o que, nas grandes cidades, pode representar cerca de 70% da totalidade. O pior que podemos concluir é que, nestes cerca de seis meses de confinamento, a população esteve num estado de paralisia social e de certa apatia que podem significar retrocessos na sociedade de um mundo pós-Covid. Na Gaiurb, provámos exatamente o contrário e avançámos com desafios que vão desde a criação do projeto piloto de mobilidade partilhada ao projeto “Endomudanças”, passando pelo acompanhamento e dinamização, juntamente com o município, da revisão do Plano Diretor Municipal (RPDM) – um documento estruturante para uma cidade de futuro e com futuro. Paralelamente, trabalhámos na implementação do KAIZEN em toda a empresa, assim como nos dedicámos à preparação da implementação da norma Anticorrupção, sem esquecer o aumento da eficácia na resposta dos projetos de urbanismo, como sinal claro de que pretendemos fazer parte da solução e responder o mais rápido possível ao munícipe, sempre com princípios de rigor e de transparência. Em Vila Nova de Gaia, estamos a preparar uma recuperação verde e justa e a Gaiurb, sendo uma das estruturas de pensamento do município, pretende responder às necessidades do cidadão, mas, ao mesmo tempo, pensar na cidade com medidas específicas que se focam na criação de empregos verdes, investindo em serviços públicos essenciais, protegendo o transporte público, a mobilidade suave, liderando ações em prol da saúde e do bem-estar e devolvendo o espaço público às pessoas e à natureza, apostando na recuperação das ruas e em garantir ar puro para assegurar comunidades locais habitáveis. São conceitos e exemplos de estilos de vida mais sustentáveis que nos desafiam a pensar numa nova cidade. Como exemplo, temos a criação do conceito “cidade de 15 minutos”, assegurando que a população residente tem uma resposta efetiva às suas necessidades diárias com uma curta caminhada ou através da utilização de bicicleta entre a sua casa e o local de trabalho, ou acesso a atividades de lazer, devolvendo as ruas às pessoas, realocando mais espaço viário para a circulação a pé ou para ciclovias, sem perder de vista a necessidade de criação de infraestruturas verdes que cumprem o propósito de alterar paradigmas. Não descuramos compromissos tão importantes como o apoio à atividade empresarial, a aposta na saúde, na educação e na área social. Mas há tantas outras apostas municipais pensadas para uma sociedade mais sustentável: na área da energia, a criação de uma comunidade de energia sustentável ou a instalação de um posto de hidrogénio são exemplo de futuro e de ambição. No que respeita à mobilidade, o projeto de MetroBus será uma importante solução para que os gaienses sintam uma capacidade de resposta alternativa que altera a perceção das ligações de transporte público dentro do concelho. Vila Nova de Gaia tem agora uma grande oportunidade de refletir e de projetar soluções assentes nestes conceitos, com a RPDM, que agora começa, uma vez que é uma grande cidade com a possibilidade de usufruir de espaços de produção, de conhecimento e de inovação, beneficiando do contributo activo dos cidadãos. Esta foi uma premissa assumida desde o primeiro momento: envolver as pessoas de forma a criar condições para alavancar ideias e os talentos da cidade, potenciando a participação cívica e fomentando condições atrativas para uma sociedade inovadora, de progresso e inclusiva. Os desafios são muitos e combater as alterações climáticas é uma exigência moral, um imperativo ambiental e uma oportunidade económica, mas só uma ação coletiva poderá conduzir ao sucesso.


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